DEPOIS

Há vestígios de tudo o que foi feito nessa casa:
os cigarros entregam necessidades de respiração
a garrafa d'água vazia pressupõe o suor sem descanso.

Tudo o que foi dito, nada registrado, muito mais do que falado,
está tudo nos cantos das paredes, em estado de ressonância;
as palavras que pularam de dentro dos desejos
se tornaram poeira de horas irrevogáveis.

Sobre a mesa há um chocolate pela metade, desenhos desordenados,
metas de compras em supermercados, medos abandonados
e o que mais se deixou pra depois: o agora era urgente.

Um sujeito, de frente pra uma tela branca,
tenta, letra a letra num poema, reter o que viveu nesse dia.
Um outro homem, de bruços numa cama rosa,
tateia, lado a lado num delírio, uma folga após o êxtase de outrora.

Asas se projetam das nossas costas:
ele no sono, eu no poema.
Em tinta dourada esfumaço o céu com palavras
que ele deixa escapulir de suas penas.

Em estado de êxtase dançamos um pouco acima do chão
no meio de nuvens de palavras e sussurros sem nome.


[Th Barbalho]

3 comentários:

david santoza disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
david santoza disse...

tu também escreve poemas, th barbalho!?

Mahak's Blog disse...

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